A Escola de Artes e Ofícios <Hugo Taylor>

Assim, em 1917 a Coopfer já iniciava os esforços para a construção da Escola com a aquisição de um terreno pertencente a Intendência Municical e no ano seguinte lançava uma concorrência pública para a escolha do projeto da nova escola, sendo que sua construção apenas iniciou após o término da primeira guerra mundial (BELÉM, 2000). Embora com empecilhos, a obra avançou rapidamente e no dia 1° de maio de 1922 foi inaugurado o “majestoso edifício em cujas dependências destinadas às aulas elementares e às de ensino técnico, o material existente representava o que de mais moderno e adiantado se conhecia então” (BELÉM, 2000, p. 226). As aulas iniciaram com 121 alunos e em 1938 mais de 10.000 alunos já haviam passado pela escola, que então contava com 11 seções de ensino profissional, sendo elas marcenaria, ajustagem, eletricidade, torno de madeira, torno mecânico, fundição, entalhe, oxigênio, estofaria, pintura e, tipografia (COOPFER, 1963).

Em 1942 as oficinas do Hugo Taylor passavam não apenas a servir como local de prática dos alunos, como passaram a gerar renda para manutenção da escola através da venda dos produtos ali confeccionados e que eram comercializados nos armazéns da Coopfer distribuídos pelo estado (Coopfer, 1943). No ano seguinte um decreto-lei assinado pelo então presidente Getúlio Vargas, reconheceu a “Escola de Artes e Ofícios Hugo Taylor, mantida e administrada pela Cooperativa dos Empregados da Viação Férrea do Rio Grande do Sul, com sede na cidade de Santa Maria, no Estado do Rio Grande do Sul” (Coopfer, 1963, p. 35). Porém no dia 20 de outubro de 1954 um incêndio de grandes proporções atingiu o Internato da Escola, como, na data, não havia corpo de bombeiros na cidade de Santa Maria, o prédio foi consumido pelas chamas que afetou o edifício das oficinas, as quais sofreram danos substanciais (Coopfer, 1963).

Em 1958 as oficinas já operavam quase integralmente com novas e modernas máquinas (Coopfer, 1959), porém nos anos que seguiram a VFRGS foi encapada pela Rede Ferroviária Federal (RFFSA), que iniciou um processo para reduzir o quadro de funcionários, resultando na gradativa redução do número de cooperativados. Embora em 1984 a Escola contasse com 406 alunos matriculados, no ano seguinte a marcenaria, a última oficina que ainda estava em funcionamento foi desativada e, em 1986 cessaram completamente as atividades.

Após 63 anos de funcionamento a Escola de Artes e Ofícios Hugo Taylor, cumpriu o objetivo de proporcionar ensino técnico profissionalizante de qualidade para os filhos dos cooperativados, porém por ser dependente da Cooperativa, estava suscetível aos problemas administrativos e financeiros que porventura se abateriam sobre a mesma e com isto, a Escola sofria do mesmo processo de esgotamento que culminou no encerramento de suas atividades.

Autores: Leonardo da Silva Mello; Orientador Prof. Dr. Caryl Eduardo Jovanovich Lopes

Fontes consultadas:

BELÉM, João. História do Município de Santa Maria 1797-1933. 3. ed. Santa Maria: Ed. da UFSM, 2000.

COOPFER. Relatório ao anno de 1919. Santa Maria: Filial da Liv. do Globo, 1920.

COOPFER. Relatório – Exercício de 1925. Porto Alegre: Graphicas da Escola de Engenharia de Porto Alegre, 1926.

COOPFER. Relatório - Exercício de 1943. Santa Maria: Typografia da Escola Industrial <Hugo Taylor>, 1943.

COOPFER. Relatório - Exercício de 1959. Santa Maria: Typografia da Escola Industrial <Hugo Taylor>, 1959.

COOPFER. Revista do Cinquentenário da COOPFER. Santa Maria: Gráfica da Escola Industrial Hugo Taylor, 1963.

• Artigo apresentado no IX Encontro de Pesquisadores do Arquivo Histórico Municipal de Santa Maria;

• Publicado no jornal Diário de Santa Maria, dia 25.11.2019.